Rúbrica Queen B Gala 5

Caríssimos leitores,

Confesso que não prestei a devida atenção à gala de fim-de-ano que a SIC promoveu, motivo pelo qual me vou abster de longos comentários. Toda a euforia e agitação da noite só me permitiram ouvir devidamente a actuação de uma candidata. Ouvi a Mel naquela que foi, para mim, a sua melhor actuação de sempre. Descalça, mas com muito charme, e uma personalidade que até ali ainda não lhe tinha descoberto, fez muito mais do que em qualquer uma das suas prestações enquanto concorrente a Ídolo. Aqui está a prova de que os nervos às vezes prejudicam seriamente os nossos candidatos. De qualquer forma, admito que o coro e a coreografia por trás desta performance contribuíram muito para um julgamento tão positivo. De facto, um corito e umas coreografias aqui e ali, às vezes, podem contribuir para abrilhantar as prestações dos concorrentes. Porque não pensar sobre isso senhores do Ídolos?

Um julgamento não tão positivo, a propósito da mesma gala, vai para as constantes brincadeiras com a gravidez da Cláudia Vieira. Começo a enjoar e a achar que são abusivas. Ainda bem que a apresentadora tem um sentido de humor bem mais amplo que o meu e concorda que a bebé tenha uma posição de destaque ainda antes de nascer. Só me pergunto para quê tanto destaque à criança, se ela a bem dizer nada tem a ver com o programa e se provavelmente depois de nascer vai andar sempre escondida. Eu acho muito bem que ande escondida, o problema é que depois o pessoal vai exigir ver a criança. Não digam que eu não avisei ;)

Já hoje, a Claúdia surgiu de camisa de noite na gala! E confesso que para mim, esta foi a verdadeira gala surpresa. Surpresa porque era a primeira vez que não sabia de antemão quais as músicas que os concorrentes iam interpretar. Isto fez com que assistisse ao programa com as expectativas a 0, apesar de ter lido aqui e ali alguns comentários que anunciavam que os concorrentes iriam cantar em português.

E a nova regra? Salva-se um e depois saem dois? Não consigo perceber, e pelo que me pareceu não justificaram, porque é que surgiu agora.

Salvador Sobral – é, talvez, o candidato mais apontado à saída neste website. No entanto, será que cantando “Jura” “com cuidado e com ternura” deixou o júri rendido? É uma música que pede alguma serenidade e maturidade. O Salvador tem estes ingredientes? Até se esforçou, verdade seja dita, e o timbre em alguns momentos fazia lembrar o próprio Rui Veloso, mas, para mim, de qualquer forma, faltou-lhe algum arcaboiço quando comparado com o tamanhão do artista que interpreta o “Jura” originalmente… Não seja, no entanto, negado, que foi com certeza uma actuação feita com cuidado e com dose extra de ternura, muito agradável que poderia ter-lhe garantido o passaporte para a permanência no Ídolos depois de algumas actuações duvidosas. A verdade é que a sua despedida com este tema foi recheada de emoção e teve mais uma bela declaração à namorada. Confesso que foi novelesco (como aliás hoje o Ídolos assumiu um teor de novela em certos momentos), mas foi bem lindo! Homens, aprendam a ser românticos.

Carolina Torres – mais uma vez a fazer as escolhas certas, apesar de que sim, escolher novamente a música do casting era à partida um bocadinho boring… Garantido é que o tema era a cara dela. É o espírito descomplexado e divertido da Carolina, sem tirar, nem pôr. Também descomplexada se apresentou na forma de vestir. Quase me parecia que vinha só de camisa! Deve ter gostado tanto dos trajes à la Moulin Rouge que elas usaram na gala especial do Ídolos, que desta vez fez uma versão modernaça deste tipo de traje. Em relação à sua prestação, a Carolina prometeu “carga” neste tema, e carregou o palco de carisma, personalidade e talento. O júri achou que a música é muito pouco conhecida, e por isso poderia não agarrar o público, mas para mim o tema era muito familiar… Sair hoje? Por mim, não!

Filipe Pinto – na gala de Michael Jackson, o Filipe anunciou-se em campo de minas caso tivesse de fazer o moonwalk. Para mim, um campo de minas seria o tema que ele escolheu para esta gala, não por ser difícil, mas antes pelo figurão que este tema tem associado. A verdade é que queríamos mais do Filipe e cá o temos: prometeu variar e cumpriu. No entanto, a música não tendo grande dificuldade, não permitiu que a sua actuação enchesse o palco, embora mantenha a qualidade.

Inês Laranjeira – a Inês apresenta-se com um tema que é honestamente um bom tema para ela segurar um lugar que tanto tem sido contestado pelo júri. No entanto, este tema pede uma enorme capacidade de interpretação: pede que ela saiba e sinta exactamente aquilo que está a cantar, ou então seria só uma cantiga com muito potencial tornada vulgar. O que é que a Inês fez? Cantou benzinho, mas não lhe deu a acentuação correcta. E não, não me convenceu. Tal como o Manuel Moura dos Santos, também considerei que foi uma interpretação um bocadinho ao lado.

Diana Piedade - a Diana é uma das concorrentes mais polémicas desta edição por ser sobrinha de um dos jurados, mas com muito jeitinho e muita garra tem ganho popularidade a cada gala. Sinceramente, o facto de ela ser sobrinha do Manuel Moura dos Santos não me aquece, nem me arrefece: nem me lembro disso! Além de que acho que este aspecto não lhe dá vantagem nenhuma: os elogios merecidos que o Manuel Moura dos Santos lhe faz, às vezes parecem arrancados a ferros (fruto provavelmente das ditas quezílias familiares)! Esta semana, verifiquei também que a Diana foi alvo de uma incrível mobilização neste blog. Um conjunto de pessoas manifestaram-se “anti-saída-da-Diana” e têm vindo a apelar ao voto nesta concorrente. Perante o que ela tem feito, acho muito bem que esta mobilização se faça! Teve a prestação mais poderosa da noite. Mas sinceramente, chegamos a uma fase do programa em que as saídas a cada gala começam a ser uma verdadeira incógnita e temo que se esta mobilização não continuar ela possa ser das próximas a abandonar o barco.

Carlos Costa – escolheu o tema que menos me cai no goto, eu não curto assim tanto “a cena deles”, por isso o Carlos teria o dobro do trabalho para me conquistar. É verdade que foi o tema mais pop, mas a mim desta vez soou-me a música pimba pura e dura, com excepção do final da música que foi mais rock e ritmado. Eu não compro o reportório do Carlos, mas não significa que outros não possam gostar, como sublinhou o Manuel. Haja liberdade de expressão desde que com respeito entre todos! Comento ainda que, mais uma vez, a gestão de palco do Carlos foi incontestavelmente boa e este concorrente tem definitivamente bagagem para chegar longe. Tenho que dizer que apesar de não apreciar a música, a verdade, é que ele fez bem feito aquilo que tinha a fazer e conseguiu uma prestação com muita garra.

Solange Hilário – depois de algumas galas menos boas e de alguma antipatia granjeada junto do público, a Solange, desde a gala dedicada a Michael Jackson, está apostada em recuperar a reputação. Desta vez teve uma actuação serena, suave e doce, com um ambiente de palco bonito, bem à medida. E, para alimentar um bocadinho polémicas, há quem tenha atacado aguerridamente os tiques de miss da Solange. Eu cá acho que os looks arrojados que lhe oferecem no programa podem deixar mais vaidosa ou com tiques a mais uma adolescente (como por vezes nos esquecemos que ela é). No entanto (ingenuamente ou não) eu acho que estes tiques não são mal intencionados, faz parte do temperamento da rapariga, assim como os comentários “paz no mundo e amor para todos”.

Concluindo, a verdade é que a música portuguesa realmente teve o condão de pôr muito mais a nu os candidatos. Conhecemos a pronúncia de cada um deles, os gostos na própria língua, que às vezes estão na mesma linha que os gostos internacionais, mas, no entanto, apesar de toda a apologia à língua, eu achei que esta gala foi mais fracota do que as anteriores. E achei também que empataram o programa, e enrolaram, e enrolaram com piadinhas muitas vezes sem graça.

Mas pronto, paz e amor para todos em 2010!