Rúbrica Queen B Gala 6

Caríssimos leitores,

O Ídolos está a mingar. Só tivemos seis, seis sobreviventes! A partir de hoje temos o top 5. Cinco concorrentes que conseguiram a proeza de se destacar no meio de montanhas de outros concorrentes. E, começo a ficar nostálgica, com vontade que o programa recomece, e que em vez de acabar dia 7 de Fevereiro, como tem sido anunciado, acabe lá para o Verão! Era bom, não era? Entretanto, os candidatos continuavam a entreter o pessoal ao domingo à noite! Ok, ok… Até ao Verão seria excessivo, e provavelmente íamos todos fartar-nos deles, mas se tenho vontade de prolongar o programa, uma coisa é certa: isto está a ser bom!

Por outro lado, segundo a TVGuia, grande parte dos concorrentes estão lá só mesmo para isso, para entreter o pessoal enquanto o programa dura. E embora o sonho da música esteja lá, depois, têm outras prioridades na vida. Eu cá, se concorresse ao Ídolos, acho que seria para fazer da música vida, ou pelo menos gritaria isso aos 7 ventos enquanto lá estivesse, porque seria uma grande, grande oportunidade! No entanto, é inevitável perguntar-me se esta onda do “há outras prioridades que não a música”, não será também um reflexo de algum pessimismo que decorre da dificuldade da música portuguesa vingar, sendo poucos, se pensarmos bem, aqueles que no nosso país fazem vida apenas da música. Fazendo um pouquinho de self-disclosure, entendo isto à luz da minha própria experiência: estou a tirar um curso no qual a saída mais provável se chama desemprego, pelo que quando as pessoas me perguntam se quero fazer do meu curso vida, eu já respondo que quando acabar o curso, penso no que vou fazer a seguir. É como eles: para já querem aproveitar o programa, mas também querem ter outras hipóteses sólidas de vida às quais se agarrar. É sensato. Acho bem. No entanto, há um concorrente que realmente afirma querer fazer da música vida, tendo mesmo antes de iniciar o Ídolos delineado a intencionalizado muito bem esse projecto rumando a Lisboa: o meu querido Mogli (não sabem quem é? É porque não leram as minhas brilhantes primeiras rubricas…). Também não acho mal, mas mais à frente comentarei mais detalhadamente este caso.

Hoje, prometo expor aquilo que na minha opinião é o melhor e o pior de cada concorrente, sem medo das represálias e já considerando o seu “potencial” para Londres. Preparem-se ;)

Solange Hilário – nos primeiros programas eu achava que ela seria uma séria candidata à vitória, daquelas com mais potencial para brilhar internacionalmente: uma imagem espectacular e uma voz poderosíssima. Se bem me lembro, na primeira rubrica disse que ela era uma diva ao melhor estilo internacional. No entanto, as galas seguintes fizeram-me mudar de ideias, sendo que de há duas galas para cá a Solange tem melhorado ligeiramente embora fique muito aquém do lugar ao sol que inicialmente lhe atribuía. Nisto pergunto-me, se a rapariga que treme que nem varas verdes no palco do Ídolos estará preparada para, sozinha, num país estrangeiro, mostrar o que vale… Quanto à actuação de hoje, não apreciei muito o timbre da sua voz, achei muito grosso e aspirado muito lá do fundo (isto em termos técnicos deve ser o ¼ abaixo de tom que o Laurent referia), além de que voltou a apresentar as habituais desafinações. O look e a postura de Ídolo estão lá, mas e depois? A potência vocal não voltou ao que seria esperado. Ficou num lugar que, na minha opinião, seria da Carolina.

Filipe Pinto – quando ponho a hipótese de ser o Filipe o vencedor do Ídolos, começo logo a magicar – qual vai ser a crise de identidade que desta vez vai surgir? Ele vai recusar o prémio e doá-lo a alguém porque Londres não é bem o sítio onde ele quer estar? No entanto, acredito que é que dos concorrentes que teria mais a fazer e mais a ganhar com a ida a Londres – afinal eles também podem aprender/aperfeiçoar um instrumento, aspecto que me parece de todo o interesse para o estilo do Filipe (além disso, cada vez mais me parece que ele sabe o que quer). Houve quem tenha dito, a meu ver muito iluminadamente, que o Filipe não foi feito para estar aos pulos em palco, mas para estar de guitarra em palco. Concordo. E guitarra se não lha dão durante o Ídolos, ele poderia tê-la em Londres. Depois da actuação de hoje só me cabe dizer, de quem é esta música mesmo? Da Amy Whinehouse? É da voz inconfundível do Filipe. Isto no sentido de ter conseguido fazer com que me distanciasse da voz e interpretação também incomparável da Amy (não estou aqui a dizer que o Filipe foi melhor). Definitivamente tem um artista dentro dele, um timbre fabuloso e por mim merece levá-lo mais longe. A histeria do público foi incrível e comprova que é provavelmente dos candidatos mais fortes (cabe, no entanto dizer que acalmou logo a histeria quando anunciou a namorada!). Outro ponto a favor deste concorrente é que tem provado uma versatilidade que muitos lhe negavam.

Carolina Torres – Seis concorrentes. Seis personalidades diferentes. Gostos musicais muito pouco casuais. Gosto da versão Ídolos 3 – candidatos com identidade própria. A Carolina é desde o início uma das candidatas a quem mais tenho sublinhado essa mesma identidade. À sua maneira, foi percorrendo um caminho que muitos achavam dúbio. Merece o lugar que conquistou, mas daí até ir para Londres, a história é outra… Tem um estilo bastante cosmopolita e tudo, mas ao que consta ela está muito mais interessada na comunicação, e não em cantar para o pessoal por mais do que diversão, por isso para o prémio final, talvez não seja ela a candidata mais indicada, embora tenha carisma para surpreender à escala planetária. Desta vez? Achei que a Carolina falou muito e cantou pouco, além de se ter distraído ligeiramente com a dança do microfone (que até estava todo catita decorado à leopardo!) e com a azáfama da sua plateia. Na verdade ela tinha uma boa dose: muita coisa para gerir. Divertiu-se à grande? Sim, pareceu-me que sim. Mas esteve ali como quem estava numa festa entre amigos, onde todos nos podemos fazer ouvir e não se preocupando tanto com fazer-se ouvir a ela. Gosto muito desta candidata, mas desta vez não me convenceu, foi mais comunicativa do que uma grande cantora. Concordei com o comentário da Roberta. Ah! Já agora, a do menino da lágrima foi muito boa. Pena que tenha sido um augúrio para a saída. Na actuação de despedida ela foi mais uma vez brilhante, excedeu-se e demonstrou todo o seu fabuloso potencial. Pena que na minha opinião na primeira actuação não tenha feito o mesmo. Não era a candidata que deveria sair hoje. Merecia mais galas.

Carlos Costa – como a Ana Catarina comentou aqui no blog, mais do que um Ídolo, eu acho que o Carlos é um artista. Ouvi dizer que o seu grande sonho é ir à Eurovisão (ou “aerovisão” como a moça lá da claque dizia), e para ir à Eurovisão, acho lindamente. Para ir assistir a concertos convence? Convence. Para fazer musicais? Como já disse aqui, merece lugar destaque e tem o dramatismo necessário. Para arrebatar em palco? Chamem o Carlos. No entanto, para ser um Ídolo que me emociona, que transmite um feeling diferente quando o ouço a cantar (sim, porque muitas vezes nos esquecemos que grande parte do tempo nós passamos a ouvir musica, não propriamente a ver música) não é concorrente que me convença totalmente. Não porque não tenha uma voz porreira, mas é só isso, porreira e não me transmite emoção como eles dizem (lá está, as coisas por vezes parecem mais trabalhadas do que sentidas). Não acho que se reconheça a sua voz de olhos fechados, como foi a sua definição de uma voz irreconhecível. Tem potencial para arrebatar este programa, tem potencial para ir a Londres, mas não é dos candidatos que mais consumiria. Quanto à sua actuação para mim teve uma palavra: bonita, mas não foi arrebatadora. E por estranho que pareça, embora cataloguem o Carlos como pop (e também seja aparentemente o estilo que prefere), o estilo em que eu mais gosto de o ouvir é o rock.

Diana Piedade – muito culta musicalmente, é das que acho que não negaria a oportunidade de ir até Londres estudar e que também das que faria melhor figura. Tem crescido, crescido, crescido (quando é que vai parar?)! Estou de acordo com Boucherie, é alguém com as medidas para ganhar ou pelo menos chegar, sem dúvida, às últimas galas. Compreendo o risco que a Diana diz que correu, pois não é uma música de culto para a faixa etária que predominantemente consome Ídolos, nem uma música facilmente apreciável por todos. Mas, pelo menos a mim, fez-me gostar de uma música que cantada pela própria Janis Joplin, eu não achava piada nenhuma. E falava ela em sair com a Janis Joplin? Sair para onde? Ainda deve ficar e por muito tempo. Cantou com flow e com muita alma, e como poucos, sem dúvida, sabe aquilo que está a fazer e sente aquilo que está a cantar. É uma voz inconfundível.

Inês Laranjeira – a Inês passou de uma das minhas candidatas favoritas para uma das candidatas, que, tendo em conta o actual grupo, provavelmente mais facilmente dispensava. E, neste momento, se inicialmente criticava o Filipe por seguir sempre o mesmo estilo, a mesma crítica tem de se aplicar à Inês (escolheu uma artista de peso, mas não achei a escolha assim tão surpreendente). Se analisarmos a situação, as escolhas dela tornam-se previsíveis. Sempre que tomo conhecimento dos temas que vai interpretar penso: “Sim, é uma música à Inês”. Tudo bem que esta candidata desde sempre se destacou pela diferença, e é essa diferença que marca grande parte da sua qualidade, no entanto, caros amigos, se apontamos o dedo a uns pela falta de versatilidade, temos de ser contingentes e apontá-lo também a outros. Bem, críticas à parte confesso que foi das actuações com mais swing da Inês, a fazê-la voltar aos bons velhos tempos, em que não, definitivamente não a dispensava. Foi uma actuação limpa, cativante, deslumbrante. A alegria genuína com que desfrutou os comentários do júri foi muito querida de se ver. E sim, também me parece que seria, além do Carlos, uma das melhores conquistas para musicais.

Parabéns a todos os concorrentes e beijinhos e abraços para todos os leitores!

P.S.: Senti falta do Manuel Moura dos Santos. Acho que é o elemento do júri com mais personalidade e de quem tanto os candidatos, como o público esperam a opinião com mais expectativa.

P.S. 2: O Ídolos está verdadeiramente surpreendente. A Inês, uma das favoritas do público, é nomeada.

P.S. 3: O Filipe e o Carlos são os únicos que nunca foram para a “corda bamba”. Isto significa que serão os finalistas?

P.S. 4: O resgate está a ser guardado para a Diana.